O “Pão de Ló Celeste” de Ovar, produzido pela Gaby – Pastelaria d’ Autor, é a marca de Pão de Ló de Ovar mais antiga no mercado. Registada em 1917 pelas mãos de Celeste Gomes Pinto e Irmãs, tornou-se muito conhecida a nível nacional, principalmente na capital portuguesa, devido a uma forte campanha publicitária contratada pela família. O cartaz original, inalterado até aos dias de hoje, foi criado por Raúl de Caldevilla, considerado o fundador da publicidade moderna em Portugal. Em Ovar, a loja do Pão de Ló Celeste situava-se no número 9 da Rua Elias Garcia, onde se deu a passagem do testemunho na confeção da receita familiar ao longo de gerações. Em 1926, Manuel Gomes Pinto assume a gerência da marca, vindo a passá-la, anos mais tarde, ao filho Zeferino Gomes Pinto. Hoje em dia, a continuidade da receita original é assegurada por Gabriela Ramada Ribeiro, que recorda a infância passada na cozinha da sua avó, onde as tias freiras (Celeste, Zélia e Isilda) ensinavam a confecionar todos os ex-libris dos receituários que traziam consigo dos diferentes conventos. Os ensinamentos de outrora são agora aplicados na produção do Pão de Ló Celeste, que se mantém fiel à receita e aos métodos de confeção antigos, e revelam-se verdadeiramente indispensáveis. No passado dia 25 de março, a qualidade desta receita familiar centenária valeu ao Pão de Ló Celeste a medalha de ouro no 13º Concurso Nacional de Doçaria Rica Tradicional Portuguesa, promovido pelo CNEMA (Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas) em parceria com a Qualifica oriGIn Portugal. A utilização de ovos frescos, em detrimento dos ovos pasteurizados dos tempos modernos, ou o recurso à pá da batedeira (pela semelhança à colher de pau usada antigamente) em vez da pinha, privilegiada pela maioria dos produtores, são fatores que se revelam diferenciadores na obtenção do produto final, e que fazem deste um Pão de Ló de Ovar distinto e inconfundível. Na Gaby – Pastelaria d’ Autor, porém, o trabalho vai muito além do fabrico do ex-libris vareiro; neste espaço, situado na Rua Cândido dos Reis, desenvolve-se o projeto “Portugal a Pão de Ló”. Numa clara homenagem à Doçaria Tradicional e Conventual Portuguesa, o Pão de Ló de Ovar é usado como matéria prima na reinvenção de diversos produtos tradicionais, dando origem a uma vasta gama de derivados de pão de ló. Desta lista, são já favoritos dos consumidores as Bolachas de Pão de Ló, a Sopa de Ló com Vinho do Porto e a Broa de Pão de Ló de Ovar. Em Ovar, cidade museu-vivo do Azulejo, Gabriela Ramada Ribeiro replicou a beleza das tão características fachadas azulejares, e juntou-lhe a doçura do pão de ló, dando vida a uma sublime peça de degustação: o Azulejo de Pão de Ló.
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